Comemoramos este ano os 47 anos da Revolução do 25 de Abril de 1974. Nesta data de importância maior na História do nosso país, reside a fundação do atual Estado de Direito Democrático.
Para que a memória não nos falhe, foi o ponto de rutura com o tempo do fascismo de Salazar e Caetano, no que se transformou na mais longa ditadura da Europa. Foram 48 anos sem liberdade, com a banalização do crime por opinião, predominando as perseguições, prisões, torturas e assassínios dos que contestavam o regime. Foi o tempo de um povo sem saúde amordaçado à pobreza, à miséria e ao analfabetismo. Foi o tempo em que os jovens portugueses morriam no ultramar ou ficaram mutilados para o resto da sua vida.
O 25 de Abril de 1974 abriu portas à liberdade e à democracia. Na união do Movimento das Forças Armadas (MFA) com o povo, em manifestações nas ruas espalhadas pelas cidades do país, ergueu-se a força que derrotou o fascismo. Dois anos depois, em abril de 1976, emergia a nova Constituição que consagrava direitos, liberdades e garantias inéditos na História da nossa nação. Mulheres e homens passavam a ter os mesmos direitos. Os trabalhadores garantias de proteção no trabalho com direitos. Conquista-se o direito a férias pagas e institui-se o Salário Mínimo Nacional. Surge o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, a Segurança e Proteção Social, como pilares de um Estado Social que procura conduzir os portugueses para um futuro desenvolvido, mais justo e igualitário.
Muitas destas conquistas, entre muitas outras, continuam de pé, apesar de enfraquecidas, resistindo, porém, ao assalto que os derrotados do 25 de Abril de 1974 nunca deixaram de tentar. Como marca histórica do início do processo contrarrevolucionário, o 25 de novembro de 1975. É a partir desta data que se conjugam os esforços dos ‘partidos do bloco central’, como ainda hoje os definimos (PS-PSD-CDS), para esvaziar os conteúdos democráticos da Revolução dos Cravos.
Ao longo dos anos da jovem democracia portuguesa, apenas estes três partidos governaram o país com os resultados que se conhecem. A política “crónica” dos baixos salários, a precaridade, a emigração, a destruição do aparelho produtivo nacional, na génese de uma dependência externa que amarra Portugal aos interesses das grandes economias da Europa, especialmente da Alemanha e França, têm sido algumas das consequências que marcam as opções políticas priorizadas, em confronto com a génese da Revolução de Abril e da Constituição da República que daí resultou.
À semelhança do ano passado, 2021 é marcado pela pandemia que muito tem servido de justificação para a degradação das condições de vida da imensa maioria dos trabalhadores portugueses. Por estes motivos, torna-se ainda mais importante elevar e valorizar as conquistas de Abril, criando a força necessária que nos devolva o país e as perspetivas de um futuro melhor para todos. Cumpra-se a Constituição da República Portuguesa em prol da Democracia e do bem-estar do povo português! E só assim, será possível reduzir e por fim extinguir o espaço que as forças antidemocráticas cavalgam de forma demagógica e populista.
Com distanciamento e respeitando as orientações da DGS, às 15h00 a partir do Marquês de Pombal, descendo a Avenida da Liberdade e concluindo nos Restauradores, não deixaremos de gritar bem alto: 25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!
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