(1 OUT 1970 – 1 OUT 2020)
O maior movimento social organizado do país, comummente conhecido pelo Movimento Sindical Unitário (MSU) da CGTP-IN, tem razões excecionais para celebrar a sua Central Sindical. Meio século de vida é algo de facto extraordinário!
A CGTP-IN tem comemorado ao longo de 2020 os seus 50 anos de vida. Foi fundada a 1 de outubro de 1970, feito ímpar considerando ser aquele o tempo, ainda, da ditadura fascista, em que os sindicatos livres e democráticos eram proibidos ou os ativistas sindicais que rompiam o cerco da censura e recusavam a obediência castradora do regime de Salazar e Caetano, eram perseguidos, encarcerados e torturados. Os trabalhadores proibidos de se manifestarem, eram espancados e presos quando o faziam. E muitas vezes o fizeram, derrotando, mesmo que momentaneamente, o regime fascista, debilitando-o a cada golpe até à sua derrota final com o 25 de Abril de 1974.
A resistência consciente de mãos dadas com a confiança e determinação, souberam vezes sem conta superar e bater o medo. É também esta a história da CGTP-IN, porque inseparável dos homens e mulheres que lhe deram vida, corpo e força.
A CGTP-IN foi determinante para a consolidação da Revolução de Abril de 1974. Através da convocação, dinamização e mobilização para o 1º de Maio desse ano, conseguiu reunir milhares e milhares de trabalhadores num “mar de gente”, permitindo alavancar a força necessária para que da revolução se institucionalizasse um regime de direito democrático, consagrando princípios e direitos até esse momento inexistentes. O direito ao trabalho, o salário mínimo nacional, as férias, o 13ª mês, a segurança e proteção social, a proibição do despedimento sem justa causa, entre muitos outros. Foi também com esta energia revolucionária que se ergueu posteriormente a Escola Pública e o Serviço Nacional de Saúde.
Tem sido incansável o percurso da nossa Central Sindical, dos sindicatos que a compõem, dos quadros que lhe dão substância ou conteúdo. Mas principalmente, e acima de tudo, tem sido vital a confiança que os trabalhadores portugueses, através da sua sindicalização nos respetivos sindicatos, têm depositado ao longo dos anos na CGTP-IN. São os trabalhadores que, em última análise, justificam e legitimam os seus 50 anos de História e lhe garantem, pelo menos, tempo igual para o futuro.
Os últimos anos têm sido marcados por inúmeros e complexos desafios. A lógica da filosofia neoliberal, que marca o atual estágio do capitalismo, tem desregulado a vida de quem trabalha e, diretamente pela sua relação umbilical, o MSU da CGTP-IN. A individualização e precarização das relações laborais, a política mais ou menos crónica de baixos salários, a destruição de postos de trabalho em importantes setores de atividade, o desemprego estrutural, sempre em níveis cada vez mais elevados, a banalização do pensamento individualista e egoísta do ‘salve-se quem puder’, são elementos que têm merecido forte reflexão no plano sindical, sempre associado a uma ação e intervenção permanentes, propositando a informação, o esclarecimento, a mobilização e a defesa daqueles que quase eternamente são encarados como ‘carne para canhão’.
Neste quadro complexo, carregado de contradições e ambiguidades, desenvolve-se a luta por melhores condições de vida, sabendo que o trabalho é uma vertente basilar na vida de cada um, na vida de todos. A CGTP-IN, os seus sindicatos, organizam e impulsionam a luta reivindicativa nos mais variados setores, do público ao privado, sabendo que só com a intervenção dos trabalhadores na resolução dos seus próprios problemas, será possível chegar a bom-porto. Com esta confiança, saúdam-se os 50 anos da Central Sindical, referência maior do nosso país e de elevado prestígio além-fronteiras.
Os trabalhadores portugueses, e os do município de Lisboa em particular, sabem, como sempre souberam nos momentos difíceis ou menos fáceis, com quem podem contar. Viva a CGTP-IN!
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