A pandemia não pode ser sinónimo de direitos, salários e expetativas confinados.
Milhares de trabalhadores viram reduzidos os seus rendimentos e outros perderam os seus postos de trabalho à conta do contexto pandémico. Milhares de famílias regressaram a um ritmo de pobreza acelerada. A crise é já uma realidade palpável. O seu aprofundamento começa a tornar-se uma vontade indisfarçável para os que ao longo dos anos nos falam em "inevitabilidades", apelam aos "sacríficos" e "responsabilidade".
São por norma os mesmos que favorecem as grandes empresas e bancos privados (o Novo Banco como exemplo mais recente), ou que alimentam parcerias público-privadas, nefastas para os cofres do país (leia-se Orçamento do Estado). Já para não referir os juros da dívida externa, autênticas amarras que continuam a impedir o desenvolvimento do país. A sua renegociação, nos seus termos, montantes e prazos, continua a ser uma prioridade maior. Pela saúde e o bem-estar de todos nós.
A política de dois pesos e duas medidas que sucessivos governos adotaram ao longo dos anos, não pode ter da parte de quem trabalha qualquer tipo de simpatia ou complacência. Mesmo num mundo marcado por um vírus, que nos obriga a cuidados reforçados, os nossos direitos e as nossas vidas não podem ser moeda de troca por uma saúde já em si debilitada. Saúde física e mental, social e financeira, pessoal e familiar, individual e coletiva.
Os próximos meses serão, uma vez mais, decisivos para o futuro imediato dos trabalhadores, do setor público em particular. Entramos na lógica que irá determinar os conteúdos e prioridades do Orçamento do Estado/2021. Que aumentos, que direitos para os trabalhadores da administração pública e, por referência, para os trabalhadores do setor empresarial do Estado, indiretamente para os do setor privado.
Neste momento crucial, em que muitos trabalhadores estão recluídos pelo teletrabalho, é fundamental mover as águas pantanosas da pandemia, libertando-nos para o exercício pleno dos nossos direitos, democráticos e cívicos, como o de participar, com responsabilidade e com as devidas distâncias, na ação de luta convocada pela CGTP-IN para 26 de setembro.
Tivemos em 2020 um aumento salarial na ordem dos 10€/0,3%, na prática, sinónimo de mais um ano em que afundamos no nosso poder de compra. O que exigimos para 2021? Valorizar salários e repor direitos, face à miríade de problemas aos quais este Governo ainda não quis responder e solucionar. Valorizar salários, revogar o siadap; atualizar e regulamentar o subsídio de risco, insalubridade e penosidade (RIP) e o de almoço; diminuir a quotização da ADSE (1,5% em 12 meses); repor o valor do trabalho extraordinário; identificar e regulamentar as profissões de desgaste rápido, entre muitas outras matérias.
Às 14h30 estaremos no Rossio, ao abrigo do pré-aviso de greve que o STML colocou para 26 de setembro (sábado), das 12h00 às 21h00.
Não podemos calar o nosso direito a uma vida digna! |