O que fazer depois de 10 anos de congelamentos salariais?
O governo PS teima em desvalorizar os trabalhadores da administração pública (AP). Face à proposta avançada pelos sindicatos da Frente Comum, de 90€ para todos os trabalhadores, com a subida da 1ª posição da Tabela Remuneratória Única (TRU) para 850€, o governo tenciona aumentar 10€ para os trabalhadores que auferem os salários mais baixos (635,07€ e 683,13€). Os restantes poderão ter um aumento na ordem dos 0,3%. Vergonhoso!
O último aumento salarial na AP remonta a 2009. Nestes 11 anos, os trabalhadores perderam, em média, cerca de 17% do seu poder de compra. Acrescenta-se para o período de 2016/2019 os descongelamentos das progressões na carreira, que permitiram um aumento de 2,8% na remuneração base média mensal dos funcionários públicos. Contudo, no mesmo período, os preços aumentaram 2,6%, deitando praticamente por terra a melhoria alcançada pelas progressões.
Mas não confundamos aumentos salariais com progressões na carreira. Os trabalhadores tanto têm direito a um salário digno, como à valorização e progressão na carreira. O que o governo pretende, muitas vezes misturando os dois tópicos, é confundir, baralhar e criar um quadro argumentativo que lhe permita sustentar a sua posição. E nesse propósito, parece não olhar a meios.
Dignificar os trabalhadores do setor público da administração central, local ou regional, é alicerçar mais e melhores serviços públicos, aos quais os portugueses têm direito. Não podemos continuar a aceitar uma política salarial miserável que, mais tarde ou mais cedo, conduzirá ao colapso dos serviços públicos por falta de pessoal. Enquanto uns se reformam, mesmo com penalizações, outros recusam-se a integrar o setor público por meia dúzia de tostões. Quererão Costa e Centeno abrir ainda mais espaço para tudo privatizar?
Se não bastasse a postura do governo nesta matéria, de clara afronta às expetativas, justas e legítimas dos trabalhadores, mantém-se cego, surdo e mudo perante as restantes reivindicações, nomeadamente a revisão da TRU e das carreiras; a revogação do SIADAP; a regulamentação e atualização dos suplementos remuneratórios; a reposição dos 25 dias de férias, com as respetivas majorações; nas condições da aposentação; na quotização absurda para a ADSE (3,5% sobre 14 meses, quando se exige 1,5% sobre 12 meses); na identificação e regulamentação das profissões de desgaste rápido; entre tantas outras.
São de facto muitas as razões que nos motivam à luta! Luta por melhores salários, por uma vida melhor, por um futuro digno e estável. Por serviços públicos de qualidade de todos e para todos!
Pré-aviso de Greve das 00h00 às 24h00, do dia 20 de março.
Para os Trabalhadores da Higiene Urbano da CML o pré-aviso de greve
estender-se-á até ao dia 22 de Março (incluindo trabalho extraordinário).
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