No próximo dia 28 de novembro, os trabalhadores sob alçada da Divisão de Arquivo Municipal estarão em greve no período da manhã. Os motivos da greve prendem-se essencialmente com a reivindicação por um edifício único para o Arquivo Municipal de Lisboa, de forma a garantir a salvaguarda do seu património, assim como a melhoria das condições de trabalho.
O Arquivo Municipal está instalado em vários equipamentos dispersos pela cidade, em edifícios de utilização múltipla, nomeadamente com a vertente habitacional, contrariando todas as normas e recomendações nacionais e internacionais.
As atuais instalações do Arquivo evidenciam problemas estruturais, sucessivos episódios de infiltrações, degradação paulatina do edificado, bem como a ausência de ventilação e climatização adequadas. Está prevista uma mudança de parte do Arquivo para instalações nas torres do Alto da Eira que, apesar de terem sido alvo de obras de reabilitação, já evidenciam graves problemas de infiltrações e outros decorrentes da utilização múltipla, não sendo, definitivamente, uma solução.
Para além das questões que se prendem com as condições de trabalho e a falta de pessoal especializado, pretende-se denunciar a evidente degradação que se verifica nos documentos e materiais que se encontram à guarda do Arquivo nas referidas instalações, alguns destes de carácter ímpar, com vários séculos de existência.
Da parte da Câmara Municipal e dos seus responsáveis, reproduz-se a retórica que apontam soluções temporárias, que acabam por se eternizar no tempo. As consequências por estas opções não podem ser ignoradas. A título de exemplo, sublinham-se os casos em que se verificou a perda irreparável de exemplares únicos. Uma realidade que revela, acima de tudo, uma política irresponsável da parte da Câmara Municipal, e do seu Executivo em particular, no campo da preservação da memória histórica e cultural da cidade de Lisboa, enquanto uma das mais importantes e antigas capitais da Europa.
O que se exige acima de tudo, em nome da preservação da identidade e da memória da cidade e do povo que lhe deu vida durante séculos, também salvaguardando o futuro das gerações vindouras, passa por comprometer a CML, de forma séria e consequente, por uma solução concreta e urgente para o Arquivo Municipal, só possível num edifício único, reabilitado ou construído de raiz, envolvendo impreterivelmente os trabalhadores neste processo, altamente especializados e cujo conhecimento não pode ser desvalorizado.
A partir das 10h00 até às 12h00, os trabalhadores concentrar-se-ão em protesto junto à entrada do Arquivo Municipal, sito no Bairro da Liberdade.
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