Aos jovens trabalhadores do município de Lisboa é-lhes exigido cada vez mais empenho, responsabilidade, pontualidade e, porque não afirmar, um constante 'amor à camisola" no desempenho das suas tarefas profissionais diárias.

Para segundo plano devem ficar as preocupações pessoais e com a família, ou o facto de receberem salários baixos ou baixíssimos, conforme o ponto de vista, ou não saberem ainda o que será da sua vida nos próximos meses considerando a precaridade do seu vínculo de trabalho.

 

É verdade que trabalhamos em função do interesse público e não andamos atrás da cobiça desmedida pelo lucro que tão perniciosamente carateriza o setor privado. Mas não é menos verdade que sendo o nosso empregador a Câmara, Empresa Municipal ou ainda uma Junta de Freguesia, o exemplo que projetam demasiadas vezes para o exterior, através da forma como tratam os seus trabalhadores, mais fazem lembrar a prática desumana e até predadora de uma sociedade selvagem sem regras nem respeito pela dignidade de quem trabalha, o que é totalmente inaceitável.

Os nossos salários não evoluem há mais de uma década! As nossas condições de trabalho não melhoram há anos. As progressões na carreira estão congeladas há uma eternidade, que muitos já nem sequer se lembram que, em tempos, existiam reais perspetivas de progressão e valorização profissional. Da formação profissional, adequada, oportuna e consequente, nem vê-la!

 

Dos contratos precários, aqui sim houve uma preocupação séria que passou por banalizar o que antes era uma exceção, no que agora parece ser a regra. Generalizaram-se os recibos verdes, os contratos sazonais, os estágios profissionais não remunerados e os famigerados contratos de emprego-inserção, sinónimo de trabalho nunca garantido e quase de borla.

Na cidade de Lisboa aceleramos para trás, traduzindo um verdadeiro retrocesso social e civilizacional intolerável! À conta de um executivo municipal, de junta ou de um conselho de administração pouco dado a preocupações com a vida desregulada que impõem aos jovens trabalhadores, muitos são os que perderam de facto uma perspetiva de futuro.

Cabe-nos a todos, os que não aceitamos a velha máxima das inevitabilidades que apenas serve para nos atordoar como se fossemos ovelhas obedientes, resignadas e silenciosas, levantar a voz e dizer bem alto: com a minha, a nossa vida, não brincam!
No dia 31 de Março, os jovens trabalhadores do município de Lisboa – Câmara Municipal, Juntas de Freguesia e Empresas Municipais, saem à rua exigindo:

• Valorização salarial em função do atual custo de vida!
• Descongelamento imediato das progressões na carreira!
• Revogação do SIADAP!
• Regularização de todo o tipo de contratos precários porque a um posto de trabalho permanente deve corresponder um vínculo estável.
• Investimento na melhoria das condições de trabalho, através do investimento público necessário, mas também pela aquisição do material adequado ao trabalho diário, além de fardamentos e equipamentos de proteção individual eficientes e de qualidade.
• Respeito na íntegra pelos direitos consagrados em Lei da Parentalidade.
• Formação profissional célere, oportuna e consequente.

Na realidade que concerne especificamente as Juntas de Freguesia, exigimos ainda o pagamento aos trabalhadores acidentados, de todos os montantes remuneratórios a que têm direito, nomeadamente e além do salário base, o subsídio de almoço, o subsídio de insalubridade, risco e penosidade e o valor correspondente à média do trabalho extraordinário realizado antes do episódio incapacitante.