Carta aberta ao jornal "i" |
Terça, 20 Setembro 2011 14:41 |
Foi com profunda indignação e revolta que a Direcção do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa teve conhecimento do teor do texto publicado na edição nº 732 do passado dia 9 de Setembro, concretamente, do Editorial do Jornal “i”.
A Direcção do STML, ao contrário de referido editorialista, reconhece que assiste ao Director do «I» o direito e a liberdade de expressar a sua opinião.
Contudo, face à gravidade do conteúdo e a forma como é estruturado o referido texto, julgamos que faz, deliberadamente, um apelo à violência contra os Sindicatos, seus dirigentes e activistas, através de um discurso fascizante e típico de outros tempos.
Mais,
Quando se afirma que os sindicatos ou as centrais sindicais onde se inserem não devem imiscuir-se em assuntos como as privatizações, incorre-se no mínimo numa profunda ignorância ou simplesmente num visceral desprezo pelo futuro dos trabalhadores das empresas a privatizar que, como é do conhecimento público, são por norma, o principal alvo de reestruturações e reorganizações que na maior parte das vezes contempla despedimentos ou como afirmam os “senhores” que seguramente financiam o Jornal “i”, na redução de custos no plano dos recursos humanos através de rescisões amigáveis… o mesmo é afirmar, vulgo despedimento.
Por outro lado, as privatizações de serviços públicos acarretam para os nossos associados e para a população em geral, mais do que óbvios perigos e prejuízos aos quais, impreterivelmente, os Sindicatos devem denunciar e combater através do desenvolvimento de todas as formas de luta que se considerem necessárias face à gravidade de tais medidas.
Quando o Director do Jornal “i” refere que os sindicatos não devem intrometer-se em assuntos de interesse nacional, devemos recordar o papel histórico que a CGTP-IN e os sindicatos nela filiados tiveram na construção da democracia, independência e soberania do nosso país. Direitos inalienáveis de um povo que hoje são ofendidos e espezinhados sistematicamente pelos políticos que o Sr. António Ribeira Ferreira afirma ser partidário, os mesmos a quem apela que “quebrem a espinha aos sindicalistas”.
Percebemos com facilidade e sem qualquer tipo de ilusão, a intenção em regressar aos tempos do odor salazarento, mas podemos garantir que tal retrocesso, só é possível na mente de natureza reaccionária de alguns indivíduos e, como é norma nestes casos, com uma capacidade exígua de entendimento face à realidade objectiva. Como é do conhecimento da redacção do Jornal “i” e do seu Director, o que desejamos e o que a realidade nos proporciona efectivamente, são matérias completamente diferentes.
Sem querer ofender o direito à liberdade de expressão do Sr. António Ribeiro Ferreira ou a liberdade editorial da redacção do Jornal “i”, Direitos conquistados com a revolução do 25 de Abril de 1974, questionamos se terão o direito de incitar à violência e à repressão estatal sobre uma largo conjunto de homens e mulheres que exercem as suas funções, eleitos democraticamente pelos seus pares, em defesa das condições de vida dos trabalhadores deste país?
Exigimos portanto que a redacção do Jornal “i” se retracte quanto antes de um texto infeliz, autêntica caricatura de “algo” que teria destaque a ouro no “Diário da Manhã”, ou no “Época” ate 24 de Abril de 1974, mas que não tem lugar na actual sociedade portuguesa.
Sem outro assunto
A Direcção do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa |